terça-feira, 26 de agosto de 2008

CRIAR À MÃO

Todas as pessoas que desejam uma ave como animal de estimação, quer uma ave mansa, criada à mão. Grande parte dos pequenos criadores querem começar a criar à mão após a primeira criação sem terem lido bastante sobre esse assunto.
Encontramos algumas informações na Internet, mas só os pontos principais, porque os pormenores ficam ocultos. Estou aqui para transmitir o que sei. Vou tentar não omitir nada, mas aviso desde já que uso o meu próprio método e não sou dono da razão absoluta, logo, outros criadores utilizarão modos diferentes e possivelmente com uma taxa de sucesso superior à minha.
Gostaria de lançar um apelo a todos os criadores experientes na arte de criar à mão, que também contribuíssem com um artigo sobre o seu próprio método aqui no portal.
Separação dos Pais
Em termos gerais, quando se pretende criar uma ave à mão, devemos separá-la dos pais por volta dos 8-10 dias, antes de abrirem os olhos. E já tendo um tamanho menos “frágil”, se é que poderei utilizar este termo. Não esquecer de deixar pelo menos uma ou duas crias (de preferência duas) para os pais biológicos criarem. Podemos criar à mão espécies diferentes em simultâneo.
Pergunta: Porquê aos 8-10 dias e não antes ou depois?
Resposta: Antes dos 8 dias é muito complicado criar, só quem tem muita experiência e condições atmosféricas (Temperatura e Umidade) especiais é que conseguem ter sucesso. Também é importante que os pais biológicos transmitam as enzimas e probióticos naturalmente, por isso a importância dos primeiros dias com os pais biológicos. Depois dos 10 dias, ou melhor, depois dos olhos abertos, eles já reconhecem os pais como sendo as aves e não nós, logo vão ter medo de nós, será menos fácil alimentá-los, mas muitos criadores utilizam este método (depois dos 15-20 dias), porque as aves já são um pouco mais resistentes, não precisam de ser alimentadas com tanta frequência.
Alojamento
Um dos grandes problemas de sobrevivência das crias quando afastadas dos pais biológicos é manter a temperatura adequada, juntamente com a humidade. Se já obteve criações de Agapornis, já viu com certeza que os ninhos que eles constroem ficam quentes e úmidos.
Existem Maternidade ou incubadoras preparadas especialmente para alojar os recém nascidos. Um método mais caseiro para alojar os recém nascidos é arranjar uma caixa forrada com algodão, pedaços de lã ou serradura. Depois papel absorvente por cima onde as aves (deve sempre criar mais do que uma de cada vez para se aquecer mutuamente) ficarão alojadas. Uma Luz de infra-vermelhos por cima para fazer calor (controle a distância através de um termómetro - mais perto mais calor, mais longe menos calor), essa temperatura deve rondar os 30º C (cuidado para não ficarem desidratados = luz Infra-vermelhos), deve tapar uma parte do caixa (fazer teto) para ficar mais escuro, de modo a que as aves não tenham luz direta (infra-vermelhos), mas não deixando perder temperatura.
Alimentação
Para que haja mais probabilidade de sobrevivência das crias, não devemos exagerar na quantidade de alimento de cada refeição, ou seja, devemos dar pequenas quantidades, várias vezes por dia. Com a experiência vai aperfeiçoando a quantidades certas.
Na primeira semana (entre os 10-18 dias de vida) a papa deve ser preparada mais líquida e a uma temperatura a rondar os 37,5º C a 38,5º C, se tiver que alimentar várias crias em simultâneo, deve ter cuidado para a papa permanecer sempre à mesma temperatura (método caseiro “banho-maria”).
Na 4ª Semana já pode ir engrossando a papa, mas sem exagerar. Eu utilizo para alimentar as minhas aves a papa para crias da Nutribird, existem outras marcas com excelentes qualidades na composição da mesma. Deve repetir a refeição sempre que o papo da ave se apresentar vazio “murcho”. Ter em atenção no manuseamento da ave durante a refeição. Limpar os restos de comida com um cotonete em água morna para não secar e obstruir nenhum canal (cuidado para não deixar fios de algodão na ave).
A papa preparada que sobrar deve ser deitada fora. Com o tempo irá conseguir preparar somente a papa necessária para alimentar as crias. A papa é dada em seringa ou colher dobrada, sendo o primeiro método, o mais fácil e o mais eficaz. A seringa de preferência deve ser jogada fora após cada utilização (seringas descartáveis) ou após cada utilização lavá-la bem e colocá-la alguns segundos em água a ferver. Alguns criadores por falta de tempo, só alimentam as crias 5x/dia no máximo na 3ª semana de vida e elas sobrevivem na mesma. Eu alimento no mínimo 6x/dia. A 3ª semana de vida (1ª semana alimentada por nós) é fundamental para a sua sobrevivência, logo não arrisco muito.
Exemplo da Alimentação manual
3ª Semana – alimentação – 6x ou 7x/dia
4ª Semana – alimentação – 5x ou 6x/dia
5ª Semana – alimentação – 4x/dia colocando comida e água à disposição
6ª Semana – alimentação – 3x/dia colocando comida e água à disposição
7ª Semana – alimentação – 2x/dia colocando comida e água à disposição
8ª Semana – alimentação – 1x/dia colocando comida e água à disposição
A ave efetuará o desmame sem problemas.
Higiene
Para evitar o risco de contaminação, é muito importante a limpeza do material que foi utilizado na preparação e fornecimento da papa, como tigelas, sondas e seringas.Pontos importantes na domesticação da ave
1. Durante as 6ª Semanas de vida só as agarre para alimentá-las, deixe as aves descansarem.
2. Cuidado com as diferenças de temperatura quando for alimentar a ave
3. A ave deve ser manuseada sempre com muito cuidado e carinho
4. Não esteja sempre com ela na mão, é preferível tirá-la da gaiola várias vezes por dia, mas pouco tempo de cada vez.
5. É necessário muita dedicação (tempo livre e paciência)
Resumo
Não é nada fácil criar à mão, porque é preciso muita dedicação. Só aconselho a quem tem muito tempo livre. E por vezes acontece o que menos desejamos, a morte de uma cria. Esta parte é a mais dolorosa e que nos faz pensar, se efectivamente, deveríamos ou não, deixar os pais biológicos criarem as suas crias?! Mas deparo-me por vezes, com crias mortas no ninho dos pais. Ao criar à mão estou a dar uma probabilidade maior de sobrevivência das crias. Os pais com menos crias no ninho, criam com uma taxa superior a 95%, e eu, ao criar algumas crias estou a diminuir a taxa de mortalidade das mesmas.
Espero com este artigo ter desmistificado a arte de criar à mão.
Cumprimentos Psittaciformes,
Luis Maximiano
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